Topo

Júlia Rocha

Oito coisas que você precisa saber sobre ISTs antes do Carnaval

ECOA

17/02/2020 11h55

Querida leitora, querido leitor, tome juízo! O carnaval acaba na quarta-feira de cinzas, mas, sua vida, não. Sem moralismos, sem proibições, bora conversar sério sobre os cuidados em relação às IST's?

PRIMEIRA DICA: parece óbvio mas pra muita gente não é. Pessoas com aparência saudável, sem qualquer sintoma, podem estar contaminadas por infecções transmissíveis através de relação sexual. Sem nenhuma ferida na região íntima, sem corrimento, seja na uretra do homem, seja na vagina da mulher, sem cheiro estranho, sem ínguas na virilha, sem emagrecimento… nada. Nadinha! Às vezes a pessoa nem sabe que está infectada e por isso nem procurou tratamento, ainda. Ou seja, não dá pra abrir mão do preservativo nunca.

SEGUNDA DICA: não fique de brincadeira nas preliminares sem preservativo. Sabe aquela escapolida com penetração? "Ah, só um pouquinho sem camisinha… depois eu coloco." Não brinca com isso não! Algumas pessoas, principalmente aquela que não sabem que estão infectadas e que ainda não buscaram tratamento, podem estar com cargas virais muito altas e isso facilita a transmissão. Numa escapolida dessas de 30 segundos, você arruma um problema sério para sua saúde para o resto da sua vida.

TERCEIRA DICA: camisinha não te protege de tudo, amor. É pra usar? Óbvio! Claro! Transar sem camisinha, só se você for doida, doido, doide! Porém, todavia, contudo, saiba que camisinha não vai te proteger, por exemplo, do contato pele a pele da região que fica próxima ao pênis, a vulva, ao ânus e até a boca. É comum, por exemplo, surgirem lesões por HPV nestas regiões de contato.

QUARTA DICA: caso você se exponha em uma relação sexual desprotegida, procure imediatamente uma unidade de saúde e informe o ocorrido. Um profissional de saúde avaliará se você tem indicação de receber medicamentos para evitar uma possível infecção. Trata-se de um protocolo de profilaxia pós exposição, ou seja, um arsenal terapêutico para evitar que você se infecte e adoeça mesmo tendo sido exposto a algum agente causador de doença. Lembrando que é uma abordagem longa (o uso da medicação dura em torno de 30 dias) e costuma causar efeitos colaterais diversos. Alguns pacientes nem conseguem completar o ciclo de medicamentos de tão intensos que podem ser esses efeitos colaterais. Ou seja, não é pra você sair desprotegido por aí, contando que tem um comprimidinho que vai salvar sua saúde depois.

QUINTA DICA: depois que a pessoa tomou umas bebidinhas, o juízo vai-se embora. A coragem e a falta de noção aumetam consideravelmente e a pessoa nem lembra que existe camisinha. Você fique esperta, esperto, esperte! Não arrisque sua saúde. Algumas infecções sexualmente transmissíveis trazem consequências que serão permanentes, até o fim da vida!

SEXTA DICA: camisinha não é um bom método contraceptivo. Ela tem um índice de falha considerável. Sendo assim, além de usar camisinha para se proteger de ISTs, mantenha o uso do seu método anticoncepcional. Lembrando que tanto a camisinha feminina como a masculina estão disponível nas unidades básicas de saúde do SUS.

SÉTIMA DICA: esta é especialmente para mulheres. Bicha, cuidado! Cuidado com o cara que você acabou de conhecer ( e, às vezes, até com aquele que você já conhece mas que vai aproveitar de algum momento de vulnerabilidade para abusar ou te violentar). Talvez não seja uma boa ideia ficar sozinha com alguém num lugar ermo. Esteja sempre na companhia de mais pessoas. Se você decidir beber, redobre o cuidado. Combine com uma amiga que não bebe para que ela te ajude caso alguma situação potencialmente perigosa aconteça. Não perca sua turma de amigos de vista.

OITAVA DICA: não aceite bebida de ninguém! A gente ouve isso toda hora, mas na hora que chega alguém oferecendo, a gente esquece. Gente! 2020! Essa já é velha! A turma do mal também pula carnaval. O cara te dá uma bebida com remédio pra dormir, você toma e quando acorda, já foi estuprada e nem viu. Se esta ou outra violência te acontecer, procure um hospital imediatamente para receber medicações e apoio. E denuncie nas delegacias da mulher.

No mais, juízo! Bom carnaval e até a próxima coluna!

Sobre a autora

Mineira de Belo Horizonte, Júlia Rocha nasceu em uma família de músicos e médicos e decidiu conciliar as duas paixões também em sua vida. Tornou-se médica com a mesma naturalidade com que se tornou cantora. Júlia se apresenta como "especialista em gente, médica de família e comunidade".

Sobre o blog

Um espaço para refletir sobre a importância da humanização do atendimento médico e sobre questões da vida em geral, afinal, a saúde vai muito além de diagnósticos e receituário